18 abril 2014

157 Anos do Lançamento de "O Livro dos Espíritos"





O LIVRO DOS ESPÍRITOS ONTEM E HOJE - 157 ANOS DA NOVA ERA 
Francisco Cajazeiras

     18 de abril de 1857. Era um sábado de primavera, quando ficou pronta a primeira edição de O Livro dos Espíritos. Ali se encontrava uma obra em formato grande, com 176 páginas, na forma de perguntas e respostas, dispostas em colunas, em um total de 501 questões. Foi feita uma tiragem de mil e duzentos volumes.

     O seu conteúdo estava dividido em três partes: “Doutrina Espírita”, “Leis Morais” e “Esperanças e Consolações”.
      O lançamento aconteceu, no Palais Royal, em Paris, endereço da Livraria Dentu, que editara a obra, e, de acordo com o pesquisador espírita paulista Canuto de Abreu (1892-1980), somente naquele dia entre adquiridos e doados se foram cerca de cem exemplares.



     O trabalho de elaboração do livro durara cerca de 20 meses, após o seu autor encarnado, o Prof. Denizard Hippolyte Léon Rivail, haver recebido a informação de que era sua a missão de tornar público os ensinos recebidos através de duas médiuns adolescentes – as irmãs Baudin – e por ele avaliados ao longo de sua pesquisa científica acerca dos fenômenos psíquicos. Estes se haviam intensificado em meados do século XIX. Na verdade, esse ribombar psíquico fora patrocinado e conduzido pela falange luminosa dos Espíritos Reveladores, tendo por guia o Espírito de Verdade, posto que haver sido adredemente planejado no mundo espiritual e previsto pelo Mestre de Nazaré, o advento da Consolador, como está anotado no Evangelho segundo João, em seu capítulo XIV.


     Naquele dia, cumpria-se a promessas de Jesus e era dado o primeiro passo na construção de uma nova Doutrina, que trazia a missão de esclarecer e consolar a Humanidade aflita e desesperançada, diante das dúvidas e das incertezas sem respostas convincentes para o ser humano que já alcançara um certo amadurecimento intelectual.



     Com o lançamento dessa obra, iniciava-se uma nova era para a Humanidade terrena: a Era do Espírito e surgiam duas novidades simultâneas: o retorno do nome Allan Kardec, que tivera o Prof. Rivail, em outra experiência reencarnatória, como sacerdote druida nas antigas Gálias, informação dada pelo Espírito Zéfiro, logo no princípio de seus estudos e observações; e o vocábulo Espiritismo, criado pelo Professor, para designar a nova doutrina.
     Allan Kardec – informa ainda o Prof. Canuto de Abreu – recebera inicialmente sugestões de companheiros para titular a obra de “Religião dos Espíritos”, mas preferira nominá-la de O Livro dos Espíritos, primeiramente, por prudência, para evitar interpretações equivocadas; e, depois, porque este título elucidava por si só a sua origem. 
Havia chegado o momento propício para dar conhecimento às pessoas do verdadeiro significado daquele rumoroso boom mediúnico, iniciado com as designadas mesas girantes (dançantes/falantes). Era o momento de causar impacto na sociedade e no pensamento das criaturas, já então acostumadas com o divertimento da referida fenomenologia e de preparar terreno para maiores aprofundamentos dos princípios ali exarados. Já antes mesmo do seu lançamento, porém, os Espíritos Reveladores preveniram o Codificador da necessidade de se dar sequência às atividades de pesquisa, com providências que dariam o caráter de universalidade àqueles ensinos, com a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, instituição científica para a pesquisa com maior controle dos fenômenos, e a edição de mensário destinado a servir de órgão de divulgação e de fórum de discussões internacionais, a Revista Espírita.



     Foi assim, que, quase três anos depois, a 16 de março de 1860, surgia a 2ª edição, revisada e ampliada, de O Livro dos Espíritos, agora com 1018 questões, divididas em quatro partes, nominadas por Kardec de Livros (primeiro, segundo, terceiro e quarto), assim intitulados: “Das Causas Primárias”, “Do Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos”, “Das Leis Morais” e “Das Esperanças e Consolações”. Para a sua revisão e ampliação, Allan Kardec contou com grande número de médiuns, de cerca de 15 países, através de informações enviadas e publicadas pela Revista Espírita.


   O Livro dos Espíritos contém a síntese dos ensinamentos dos Espíritos e, por consequência, a síntese da Doutrina Espírita, sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade, temas, depois, mais amplamente desenvolvidos nas obras que lhe sucederam, a saber: “O Livro dos Médiuns” (1861), “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (1864), “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” (1865) e “A Gênese ou Os milagres e as Predições de Jesus Segundo o Espiritismo” (1868).



      O Livro dos Espíritos é o resultado da união, do trabalho e do esforço conjugados entre o Céu e a Terra, constituindo-se, ao mesmo tempo, uma revelação divina e uma revelação humana, segundo Allan Kardec.
   Dá sequência natural às revelações anteriores (a primeira, com Moisés e a segunda, com Jesus), sendo a sequência natural dos Evangelhos, como estes o são do Antigo Testamento, no dizer do Prof. José Herculano Pires (1914-1979) , “o metro que melhor mediu Kardec”, de acordo com o Espírito Emmanuel, através do renomado médium brasileiro, Francisco Cândido Xavier (1910-2002) .

Cento e cinquenta sete anos já se passaram e o mundo espírita comemora hoje sua data magna. 
Apesar de todo esse tempo, com as suas mudanças naturais e, mesmo ante o colossal progresso do conhecimento humano, do poder tecnológico e das radicais transformações do existir terreno, O Livro dos Espíritos, por conter a essência do saber integral, delineando de forma racional os caminhos a serem percorridos no presente e no futuro pela Humanidade desarvorada dos nosso tempos, na busca de encontrar-se, continua a ser o farol orientador e o repositório de grandes verdades, dando respostas desconcertantes para o pensamento niilista e materialista, mas capazes de patrocinar os devidos retoques e a devida orientação ao viandante iludido e alienado, quanto ao significado da vida. Infelizmente, porém, continua inédito, às vezes até mesmo para muitos dos que se afirmam espíritas, que perdem a grande oportunidade oferecida pela Providência Divina de darem um novo impulso ao seu saber e ao seu progresso anímico.



Atual e sem choques com as verdades científicas, O Livro dos Espíritos requer de todos nós cuidados especiais para a sua divulgação, mas, acima de tudo, o seu estudo sério e uma vivência compatível com sua sublimidade.




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